quinta-feira, 25 de outubro de 2012

PARECE CAMPOS DOS GOYTACAZES...


Mercado arretado
Migração de indústrias de diversos setores está transformando a Região Nordeste em um verdadeiro polo de investimentos. Surgem novos postos de trabalho, cresce a renda per capita. Nessa conjuntura, a indústria do bem-estar experimenta um crescimento nunca antes visto na região

Em termos de desenvolvimento econômico, a frase "O Brasil é a bola da vez" é atual, mas já está batida. É fato que os olhos do mundo estarão voltados para cá nesta década. Está claro também que as realizações da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 são importantes neste cenário. Só que não é só isso!

O País está crescendo pelas próprias pernas e o desenvolvimento de locais outrora menos favorecidos pelo progresso é prova disso. Embora ainda seja o pior entre as regiões do País, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Nordeste foi o que mais subiu de 1991 a 2005, conforme último levantamento do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O índice aumentou 16,3% na região, ante os 10,9% do Sudeste e apenas 8,5% do Sul, por exemplo.

Levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU). Além de computar o PIB per capita, depois de corrigi-lo pelo poder de compra da moeda de cada país, o IDH também leva em conta dois outros componentes: longevidade e educação.

O panorama é reflexo da descentralização geográfica do processo produtivo. Por questões estratégicas, muitas indústrias têm migrado de regiões tradicionalmente fabris para o Nordeste, gerando empregos, aumentando a renda e contribuindo, naturalmente, para melhorias nos âmbitos da educação e da saúde.

Mão de obra aquecida
Especializada em recrutamento de executivos para empresas de vários segmentos, a Michael Page nunca selecionou tantos profissionais para atuar no Nordeste como em 2011. Em comparação com 2010, o crescimento do número de contratações na região foi de 7.200%, muito superior ao resultado alcançado em Belo Horizonte (308%), que aparece na segunda posição no ranking da consultoria.

"No Nordeste, com o crescimento do consumo da classe C, muitas companhias abriram suas operações comerciais e outras decidiram profissionalizá-las. Isso aumentou fortemente a demanda por profissionais de vendas e marketing na região", conta Paulo Pontes, presidente do Grupo Michael Page no Brasil, revelando também o perfil da mão de obra cuja demanda cresceu vultuosamente.

O processo de desenvolvimento do Nordeste é lento, mas uma realidade, o que torna a região uma das mais promissoras do País. Alvo de investimentos cada vez mais incisivos de diversos setores industriais, a região está também na pauta do bem-estar: academias locais já se movimentam no sentido de expandir estruturas, enquanto grandes redes agem para atracar em território nordestino ainda em 2012.

Eduardo Netto, diretor técnico da rede Bodytech, ressalta que o setor de serviços é o que mais cresce no Brasil, com a classe emergente tendo mais acesso ao consumo e ao crédito. "A renda da massa crescerá mais do que a renda da classe média ou média alta, até por uma questão das crescentes iniciativas do governo de distribuição de renda e queda de inflação", comenta.

Nesse contexto, Eduardo acredita que o setor fitness do Nordeste, considerado um pouco atrasado, terá grandes chances de crescimento, já que o consumidor também está evoluindo e quer cada vez mais fugir do risco de uma prestação de serviço de baixa qualidade.

Desbravadores locais
O profissionalismo está chegando ao segmento fitness do Nordeste. Estruturas que não devem nada para as academias do Sudeste estão contribuindo para a mudança de cenário, motivadas pelo crescente poder de consumo da população local e pela difusão do conceito de bem-estar nos grandes veículos de comunicação.

"Vários programas de TV têm abordado insistentemente a questão da preocupação com saúde. Isso vem despertando as pessoas e as empresas para a necessidade de investir em qualidade de vida e tem ajudado o setor de forma geral", comenta Carol Sousa, proprietária da Villa Forma, uma das principais academias de Salvador (BA), com 1,2 mil alunos e dez anos de atuação.

Do ponto de vista de Rodrigo Colaço, sócio-proprietário da R2 Academia, de Recife (PE), o mercado fitness no Nordeste talvez esteja crescendo um pouco mais do que em outros locais porque vem acompanhando o desenvolvimento econômico e a rápida expansão imobiliária na região.

A R2 foi fundada em 2004 justamente para suprir a carência de academias com boa estrutura na capital pernambucana. Atualmente, dispõe de duas unidades: uma no bairro de Boa Viagem, com 5 mil m2  área construída e 2,5 mil alunos; e outra que fica num complexo empresarial no bairro da Ilha do Leite e atende a cerca de 800 alunos ativos, na maioria executivos.

Outra capital nordestina que está atenta à demanda pelo bem-estar é Aracaju (SE), que já foi apontada pelo Ministério da Saúde como o município com melhor qualidade de vida do Brasil. Para Paulo Bedeu, dono de duas academias na cidade, a alcunha também reflete a preocupação da população com o bem-estar. "Hoje, cerca de 5% de nossa classe média-alta frequenta academias, mas creio que esse número deverá subir para 15% no futuro próximo", informa.

Mar de oportunidades
Paulo Bedeu administra duas unidades na capital sergipana: a Paulo Bedeu Club, de 1985, e a Paulo Bedeu Express. A primeira tem 3,9 mil m2 e atende a 1,5 mil alunos. A demanda tem sido tão forte que a construção de mais 1,2 mil metros já está em andamento. "Vamos em busca da ampliação. As pessoas querem viver melhor e envelhecer com saúde. Estou certo de que ainda não desbravamos um décimo da capacidade desse mercado", analisa o empresário.

A unidade Express nasceu em 2005 e ocupa uma área de 2 mil m2 onde atende a 750 alunos. Contudo, deixará de ser a caçula da rede em breve. Já está em andamento o projeto arquitetônico da Paulo Bedeu Beach, cuja construção deverá começar em agosto deste ano. A expectativa é que a nova estrutura seja inaugurada em setembro de 2013.

E os planos não param de aflorar na mente do incansável Paulo Bedeu: "Vem aí um espaço para festas com campo de futebol, quadra poliesportiva, churrasqueira, mesas de jogos etc. Também está em estudo criar uma entidade filantrópica em bairros mais pobres", compartilha.

Expansão também é a palavra de ordem para Rodrigo, da R2, de Recife. Nos últimos dois anos, a unidade de Boa Viagem ganhou em torno de mil novos alunos. Além disso, recentemente foi feito um investimento de R$ 2 milhões em estrutura física e aquisição de novos equipamentos.

As metas da rede pernambucana são ousadas: alcançar ainda em 2012 a marca de 4 mil alunos nas duas unidades e um faturamento aproximado de R$ 10 milhões. "E a expansão não para por aí. Já adquirimos um imóvel na zona norte da cidade. Em abril, devemos iniciar a construção de outra unidade, que pretendemos inaugurar no segundo semestre. Ela terá capacidade para atender 2,5 mil novos alunos R2", revela o sócio-diretor.

A Villa Forma, de Salvador, não pretende inaugurar novas filiais no momento, mas está atenta a outro movimento de mercado: "Estamos investindo em consultoria para implementação de academias em prédios de alto padrão. Acreditamos que seja uma grande tendência. Um nicho que tem muito a ser explorado", explica Carol.

Quem é de fora também está de olho
Rodrigo, da R2, conhece o mercado nordestino como poucos e acredita que a curva crescente continue, empurrada pelo aumento do poder aquisitivo da população. E como o cenário naturalmente favorece o ingresso de novos alunos, a oferta de academias precisa acompanhar esse crescimento. "As grandes redes nacionais já estão programando a entrada nesse mercado. Que sejam bem-vidas, mas com certeza encontrarão academias do mesmo porte e com serviços similares", afirma.

O pernambucano está certo. A Cia Athletica, por exemplo, deverá inaugurar sua primeira unidade no Nordeste em outubro de 2012. Coincidentemente, será em Recife, num espaço de 3 mil m2, no RioMar Shopping. "Há algum tempo queríamos nos instalar no Nordeste, mas não havíamos encontrado um espaço adequado. Entraremos nesse mercado da forma que sempre desejamos", revela Richard Bilton, diretor-presidente da rede.

A Bodytech é outra que atracará em Recife. A unidade deverá ser inaugurada no quarto trimestre de 2012. Antes disso, porém, abrirá as portas de uma academia em Salvador, no terceiro trimestre. "Será uma academia do tipo club, no Shopping Iguatemi, com mais de 3,5 mil m2 e capacidade para 3 mil alunos", antecipa Luiz Urquiza, presidente do Grupo Bodytech.

Com as duas inaugurações previstas, a Bodytech fechará 2012 com três grandes unidades no Nordeste, já que está presente em Natal (RN), onde tem 1,5 mil alunos, desde o final do último ano. A Cia Athletica, no entanto, não quer ficar para trás e já colocou na pauta a construção de estruturas em Fortaleza (CE) e Salvador.

Debutante na região, a Cia Atlhetica estima conquistar cerca de 2,5 mil alunos em Recife, cidade em que já estava de olho há tempos. "É uma das principais capitais do País e já estava marcada como objetivo nosso, independentemente do bom momento pelo qual passa a economia local e regional, o que nos deixa ainda mais satisfeitos com a época em que faremos nossa inauguração", diz Bilton.

Questionado sobre as perspectivas para o mercado local, o diretor-presidente da Cia Athletica é categórico: em breve, o Nordeste terá os mesmos serviços oferecidos nas principais capitais de fitness do Brasil e do mundo, atendendo bem a todos os perfis.

Estar onde a demanda está
Como o mercado nordestino está aquecido, certamente os adeptos do bem-estar e, obviamente, os gestores locais estarão na 12ª Fitness Brasil Bahia, que deverá movimentar cerca de R$ 8 milhões em negócios. O evento abrigará 60 expositores e terá 42 palestras e cursos. São esperados mais de 20 mil visitantes. Não perca!

Serviço: 12ª Fitness Brasil Bahia
Data: 11 a 13 de outubro de 2012
Local: Centro de Convenções da Bahia
Informações: www.fitnessbrasil.com.br

Fonte:Revista Fitness Business Ed. 58 30/5/2012

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