O
mundo terá 1 bilhão de idosos dentro de dez anos e os países devem adotar
estratégias próprias, em especial na área de saúde, para assegurar o bem-estar
presente e futuro desse segmento da população. O alerta é de um relatório
divulgado ontem, em Genebra, pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA,
na sigla em inglês).
De
acordo com a ONU, 1 em cada 9 pessoas no mundo tem 60 anos ou mais (o
equivalente a 11,5% da população mundial) e o envelhecimento, embora seja um
fenômeno comum a nações ricas e pobres, está aumentando mais rapidamente nos
países em desenvolvimento - onde vivem 2 de cada 3 pessoas
idosas.
Na
última década, o número de idosos no mundo aumentou em 178 milhões de pessoas. A
cada segundo, 2 pessoas celebram o 60.º aniversário. O relatório atribui o
crescimento dessa faixa a melhoras na nutrição, nos avanços da medicina, nos
cuidados com a saúde, no ensino e no bem-estar econômico.
Esse
conjunto de fatores fez crescer substancialmente a expectativa de vida no mundo
- hoje, de 78 anos nos países desenvolvidos e de 68 anos nas regiões em
desenvolvimento. Em 2050, a população idosa mundial deverá atingir 2 bilhões de
pessoas.
A
questão é como enfrentar esse crescimento. "As implicações sociais e econômicas
deste fenômenos são profundas, estendendo-se para muito além do idoso e sua
família, alcançando a sociedade inteira", afirma o secretário-geral da ONU, Ban
Ki-moon.
Por
essa razão, o relatório sugere a adoção de novas políticas, estratégias, planos
e leis específicos para os mais velhos. Hoje, 47% dos idosos e 23,8% das idosas
participam da força de trabalho. O drama é quando eles deixarem de trabalhar.
Apenas um terço dos países do mundo, que somam 28% da população mundial, conta
com planos de proteção social abrangente para os idosos. Nos países em
desenvolvimento, os custos com pagamento de pensão para a população idosa variam
de 0,7% a 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB).
Furo.
No Brasil - que tem 23,5 milhões de idosos, de acordo com a Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2011 -, a questão previdenciária também é
apontada como o principal problema decorrente do envelhecimento, segundo o
geriatra Fernando Bignardi, coordenador do Centro de Estudos do Envelhecimento
da Unifesp. "Todo o processo foi calculado para pessoas que viveriam até 70
anos. Com o aumento dos anos de vida, está havendo um furo no cálculo. Agora é
preciso pensar em como garantir uma renda mínima para as pessoas que estão
envelhecendo", diz.
O
segundo problema, para ele, é que a medicina convencional não se preparou para
atender os idosos. "A medicina convencional atribui a cada diagnóstico, um
tratamento. Não é incomum encontrar um idoso com a prescrição de 80 cápsulas por
dia."
O
relatório adverte que saídas precisam ser adotadas desde já. Hoje, apenas o
Japão tem um índice de idosos que corresponde a mais de 30% da população. Por
volta de 2050 - quando haverá mais idosos que crianças menores de 15 anos em
todo o mundo-, outros 64 países farão parte deste grupo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário